Apartamentos pequenos caem no gosto e ganham mercado

Apartamentos pequenos caem no gosto e ganham mercado

Demanda cresce e oferta acompanha; morador diz que o espaço menor torna a vida mais objetiva

O arquiteto Ricardo Gruner, 53, nasceu e foi criado em casas espaçosas, com muitos ambientes. Com o tempo, percebeu que necessitava de bem menos espaço para viver. Gruner decidiu, então, buscar um lugar mais aconchegante, que refletisse seu estilo de vida. Hoje ele mora em um apartamento de 55 metros quadrados, no edifício JK, e afirma não abrir mão da praticidade proporcionada por ambientes compactos. “Além da localização privilegiada, com uma série de serviços próximos, a manutenção e limpeza do dia a dia se tornam bem mais fáceis”, diz.

Para se ter uma ideia dessa praticidade, a minúscula cozinha de Gruner, conjugada com a sala, abriga depósito que também serve de despensa, lavanderia e até o sapateiro. “Sempre morei em casas e apartamentos grandes e acabava não utilizando de forma racional todos os espaços disponíveis”.

E completa: “Como sempre fui desapegado, não sofro com esse mal que afeta grande parte da população, o de juntar coisas desnecessárias, que servem só para tropeçar”, enumerando as vantagens de morar em um apartamento compacto, como a possibilidade de interagir mais e melhor com os convivas, compartilhar a internet e ter mais tempo para se dedicar ao que realmente interessa. “Eu mesmo arrumo a casa, não deixo acumular bagunça. É como se eu estivesse em vários ambientes ao mesmo tempo”.

Diante da parca oferta de imóveis de dimensões diminutas, cada vez mais procurados por solteiros e idosos, a saída dos empreendedores foi lançar mão do retrofit, técnica da engenharia que revitaliza um edifício ou região, mantendo suas características originais, dotando-a com novas tecnologias.

Um dos mais recentes exemplos dessa tendência é o Edifício Excelsior, exemplar modernista da década de 1960, onde funcionou o antigo hotel com o mesmo nome. Segundo o empresário Theodomiro Diniz, responsável pelo empreendimento, 45% das 152 unidades (80% com 28 metros quadrados) já foram comercializadas. As menores custam R$ 240 mil e as de 80 m2, com um quarto, R$ 450 mil.

Essa tendência vem alterando o perfil de lançamentos imobiliários em Belo Horizonte. O processo vem sendo alavancado por construtoras e incorporadoras que encontraram na revitalização do hipercentro da capital um grande filão para quem busca praticidade e versatilidade.

Inovadora no conceito de apartamentos compactos modernos, a construtora Vitacon vem chamando a atenção do mercado paulistano com lançamentos de primeira linha. O mais recente, na Vila Olímpia, é composto por estúdios a partir de 23 metros quadrados.

A proposta, segundo o empresário Alexandre Frankel, que declarou sua intenção de lançar empreendimentos desse porte no mercado belo-horizontino, é oferecer unidades multiuso, dotadas de móveis adaptados e modernos, onde o morador pode diversificar os ambientes em até diferentes versões: a sala vira quarto, o escritório vira cozinha, e vice-versa.

“É possível valorizar um compacto e usufruir das facilidades de mobilidade. Isso nos mostra que não importa o tamanho do espaço, do metro quadrado em um apartamento”, afirma Frankel.

Morando só

Tempos modernos. De acordo com o último Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 14,33% dos domicílios de Belo Horizonte são ocupados apenas por uma pessoa.

FONTE: O Tempo

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